eú
sou artista
uma vez
há muito tempo
construi um espelho enorme
enorme
colossal
gigantesco.
a minha obra
lhe pus de título,
de nome
“a vergonha”
mas um dia,
há menos muito do que a outra vez
minha obra me deu
vergonha
e irritado
envergonhado
totalmente pelado
brinquei contra ela
lhe dei todos os golpes que conhecia
a quebrei
ã minha obra
em um mil pedaço
essas um mil formigas
ficaram fracas
deitadas
no formigueiro cúbico do meu banheiro.
oh, casualidade!
eú, como artista,
conhecia un mil pessoas
(um mil torcedores da disecação,
da taxidermia,
dos insetos,
da morte e do arte,
um mil pessoas peculiares)
e nesses três anos
cada uma delas
cada uma um dia diferente
veio a visitar-me
todos perguntavam pelo espelho
quebrado
mas ninguém pelas minhas cicatrizes
ou pelo caminho de sangue
eu lhes respondia:
-não tem importancia
o quebrei há pouco tempo
o quebrei há muito tempo
o quebrei há quanto tempo
-mas se é bonito!
-se você quer, pode te levar
um pedaço,
mas só um
escolha bem...
hoje o banheiro está intato
impecável
sem uma sozinha farpa desse árbore
sem uma sozinha formiga
o formigueiro.
e hoje
posso dizer-lhes
-recem hoje posso dizer-lhes!-
a todos
e a cada um
o que é a vergonha
o que esse conceito significa:
“a vergonha”,
esse espelho próprio,
esse espelho quebrado
do qual
um não tem nem um pedaço.
"La vergüenza" de Goyeneche
Traducción al portugués de Nicolás Reichman
Muchas gracias
el campeón
19 octubre 2010
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2 comentarios:
Adorei! muita bonita. Gute
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